Trabalho como voluntária há bastante tempo. Quando me perguntam desde quando, sempre me esforço para lembrar. Havia um projeto social perto da minha casa e eu ajudava as crianças com os deveres de casa no contra turno escolar. Eu não me lembro quantos anos eu tinha. Eu não fazia ideia do que era projeto social e não sabia o que era ser voluntária, mas era isso que eu era. Na época cedia minhas horas de brincadeira ou de alguma tarefa doméstica, comum para uma menina da minha idade.
Eu fui crescendo e fui sempre participando de atividades voluntárias (mesmo ainda não me dando conta disso). E assim o voluntariado fez parte da minha vida, de alguma forma desde sempre. O que eu aprendi com a minha família, com a minha criação e mais tarde porque considerei justo mesmo, é que valia a pena compartilhar aquilo que eu tinha: seja algo material ou algum conhecimento.
Algumas pessoas relacionam o voluntariado ao assistencialismo. Eu já ouvi dizer isso mais de uma vez. E se fecham para projetos ou ideias simplesmente pelo fato de acharem “que não se deve dar o peixe a ninguém”.
Às vezes podemos fazer uma ação “assistencialista” sim, afinal o ser humano precisa sobreviver. Dada as condições estruturais do nosso país, muitas pessoas passam fome, estão desempregadas, não têm onde dormir. Nesse ponto, que bom termos pessoas que procuram dar uma sopa ao pessoal que vive em situação de rua. Que bom termos grupos interessados em levar mantimentos em instituições filantrópicas. Que bom termos campanha do agasalho, principalmente nos meses de frio. Que bom termos pessoas empáticas que se colocam no lugar do outro e tentam imaginar o que é dormir ao relento, passar fome ou frio.
Mas ser voluntário é muito mais que isso. Você pode atuar como voluntário em diversas frentes e realizar aquilo que você gosta. Gosta de fotografar? Precisa de voluntários. Gosta de fazer crochê? Precisa de voluntários. Gosta de jogar dama? Precisa de voluntário. Gosta de matemática? Precisa de voluntário. Gosta de cantar? Precisa de voluntário. Ah! E você também pode escolher com quem quer trabalhar: jovens, idosos, bebês, animais...
Acredito que vão haver pessoas que não querem contato. Mas você pode fazer trabalho voluntário de casa também ou de outros locais, sem ter necessariamente que se encontrar com o público assistido. Demandas administrativas, contábeis, marketing, redes sociais são alguns exemplos que podem ser desenvolvidos sem a presença física.
O trabalho voluntário deve ser prazeroso! Por isso é interessante se escolher com o que quer atuar, com quem, onde, que horas...Para que assim, ao final, possamos estar cheios de alegria, emocionados de verdade. Esse será o seu pagamento. Quem disse que voluntário não recebe? Recebe muito!
Se mesmo assim, sabendo da gama de possibilidades, a pessoa não quer ser voluntária; tudo bem. Realizar uma atividade forçada, não faz o menor sentido. Concordo que a parte do tempo, é bem complicada. Quem hoje tem tempo sobrando? Eu definitivamente não tenho. Mas escolhi ser voluntária e levo o trabalho a sério assim como meu trabalho remunerado e me sinto realizada. Acredito no valor agregado que isso me proporciona e também no que eu consigo devolver de alguma forma para a sociedade em que vivo.
E você? Quer ser voluntário?
Pollyanna Rodrigues da Silva Flores
Socióloga | Líder de Projetos Sociais | Responsabilidade Social | Palestrante | Docente | Consultoria
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